O Ouro e os Bancos Centrais

Desde meados do século XIX o funcionamento do padrão-ouro impôs limites de eficácia sobre as emissões de dinheiro, já que toda a emissão tinha de ser convertível em ouro. A expansão da oferta de moeda era necessariamente restrita. Esta regra monetária, permitiu que durante mais de 50 anos houvesse uma estabilidade monetária e de preços, muito eficaz. Actualmente, a moeda não é convertível em ouro e a sua aceitação depende apenas da confiança no seu poder aquisitivo. Essa confiança foi quebrada em várias ocasiões. 

A teoria económica diz-nos que o aumento excessivo no fornecimento de um bem, o deprecia. O dinheiro não é uma excepção. A inflação é um fenômeno monetário resultante do aumento da liquidez sobre o crescimento dos bens ou serviços disponíveis. Se não aumentarmos o nosso rendimento ou riqueza, mas apenas a quantidade de dinheiro, iremos pagar um preço mais elevado para os activos existentes, mas não seremos mais ricos.

A segunda metade do século XX está repleta de situações de inflação monetária, resultado da monetização dos déficits, dos governos que seguiram uma política orçamental expansionista. Porém, até esta perversão do valor do dinheiro esbarrou em limites impostos pelos próprios factos. Com a actual liberdade de movimento de capitais, os utilizadores da moeda podem escapar cada vez mais às moedas inflacionadas, refugiando-se em outros valores mais credíveis e estáveis, como o ouro e a prata, como meios alternativos para o investimento e conservação de riqueza. No final do século XX, a reacção dos mercados forçou os Estados a permitirem aos Bancos Centrais regularem autonomamente a oferta de moeda, de acordo com regras que preservassem, prioritariamente, o poder aquisitivo desta.